Na Cama de Pedro

Rui Luar é um fotógrafo, realizador e diretor de filmes pornográficos gays portugueses. Conversamos com ele despido e deitado na Cama de Pedro, cheio de alento e algo mais. NCP: Como descobriste a tua atração por homens e como foi a tua 1.ª aventura no mundo gay ? Rui: Ui! Começas por dar-me forte! O meu processo de descoberta durou muitos anos, mais do que gostava, mas infelizmente, a homossexualidade continua a ser um tabu. Ao contrário dos heterossexuais, precisamos de tempo para nos aceitar como gays . No meu caso, houve lugar a todo um processo de “sair do armário”, junto a cada uma das pessoas, sendo que nem todas o aceitam ou gostam… Por acaso, têm de gostar de alguma coisa? Há que aceitar e continuar. Ainda temos de passar por estes processos absurdos! Desejo que as novas gerações possam simplesmente viver em harmonia, sejam hétero, homo, bissexuais, etc. A aceitação é um sinal de que, finalmente, a nossa sociedade abraçou e abrangeu as diferentes orientações sexuais

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Gosto de viajar de comboio, sobretudo quando há muita gente. É sempre bom quando aquele macho se roça em nós ou, sem querer, tocamos, de forma desprevenida, num mastro que desejamos como sobremesa.  Naquele dia, só ao fundo da última carruagem avistei um lugar. Um único lugar. Sorri para o passageiro enquanto me dirigia para o lugar. Retribuiu o sorriso, de forma gentil, com um olhar faminto e sedutor. Ao chegar, não ousou cessar o que estava a fazer. Na sua mão, um pénis teso e húmido. Suculento. Pensei se devia ou não dar asas à imaginação.  O que pensam que fiz?

Sinto-me diferente perante a ternura do teu olhar.   Fonte: E roticcomagazine - Aleksei Dem by Alexander Shango Sem que me aperceba, voo e quando fundimos os nossos corpos, mais do que desejo, há amor. Aleksei Dem Fonte Eroticco Magazine

Pouco importa a cor. Aprecio o calor que me transmite, o prazer e as sensações. Qual é o teu tipo de chocolate preferido?

E o desejo desperta.

Nem sempre fácil de abdicar. Por vezes (poucas), pode não ser fonte de prazer nem de avaliação de conhecimentos práticos. Muitas vezes, é fonte de puro prazer. Qual foi a vossa melhor prova oral?

Do escritório Uma troca de mensagens. Exímias demonstrações da tua genitália, por sinal bem generosa. A confissão: "Gostava de ter-te como amante". Porém, naquele momento não quiseste dar o teu contacto. Já eu, parvo, fiz o oposto. No dia do nosso encontro, o silêncio. Claro, és outro homem com vida dupla. O homem de família e do outro lado da máscara, aquele que faz sexo com outros homens para seu deleite.

Julgam-te por tudo e por nada, naquela que deveria ser uma comunidade unida. Mas, nem comunidade é!...

Uma noite. Juras de amor...  Na minha boca, o teu órgão adquiria novas dimensões. Em nada me importei por não conseguires ejacular. Afinal, por vezes também me acontece e tu sentias-te ansioso, naquele lugar. No entanto, não posso entender o silêncio que apoderou-se de ti desde então.. Ou seja, não marcaste a diferença. Um "predador" sexual e pouco ou nada mais. Outra desilusão. 

Dói… Como dói. Naquele séquito de prazeres incontroláveis, aquele que pouco tem de especial ou o que obedece aos critérios atuais de beleza, com uma facilidade atroz, esboça, com facilidade, aquele sentimento de desprezo. <<Não fazes o meu género.>> Pior, aqueles que nada dizem... O amanhã pode ser muito diferente do hoje.

Parece-me injusto avaliar a aparência de um homem, mas todos temos essa capacidade.  Cruzei-me com ele no supermercado, não o tendo reconhecido de imediato. Fiquei estupefacto, com repúdio de mim: "Como posso ter cedido, naquela noite de intensa escuridão, sugando-lhe o néctar?" Luxúria, prazer ou solidão?

Neste natal!

Cúmplices. Imperfeitos. Amantes...

Fotografia pessoal partilhada pelo LM A cada cm^2 de pele, a difusão do delito que se solta pelos poros. O espelho de uma realidade desejada por tantos. A renúncia de outros...